Por um lugar ao sol

Polvilho Edições solta mais um lançamento e mostra que os pequenos também querem seu espaço


 

Enquanto as gigantes do mercado editorial mantêm o alerta vermelho aceso frente à crise na venda de livros, pequenas editoras avançam com ideias, temáticas e apelos gráficos diferenciados, expandindo suas fronteiras e público. Em Belo Horizonte, um exemplo de peso é a Polvilho Edições, que neste ano inaugura um intercâmbio literário na Argentina, e realiza, nesta quinta-feira (24/08), o lançamento do seu mais novo livro, “Niebla – poemas sedimentais”, de Ana Rocha. O evento acontece na Benfeitoria, a partir das 17h. 

Comemorando cinco anos de atividades, a Polvilho Edições é inteiramente administrada pela escritora Ana Rocha. Ela é a faz-tudo da editora: desde a concepção gráfica, escolha dos papéis, formatos de impressão até o acabamento final e toda a interlocução com parceiros. Em “Niebla”, as 54 páginas carregadas por cerca de 40 poemas são resultado de “mais um de seus infortúnios amorosos”, como a própria autora descreve a obra, e segue a linha de sua primeira publicação, “Queloide – poemas cicatriciais” (2016). Mas, “Niebla” apresenta inovações gráficas nítidas, como o miolo em papel vegetal, que permite um diálogo visual entre poemas de páginas sequenciais, e a próprio design concretista dos escritos. 

“Com certeza é um livro mais pensado e planejado que o anterior. A sequência de poemas é toda pensada para que o livro seja uma série de encaixes, com leituras sobrepostas pelo papel vegetal de 120 gramas. Existe toda uma composição. E acredito que isso seja fruto de um processo de evolução mesmo, desde o início da editora”, diz Ana.  Se antes a Polvilho Edições conseguia bancar apenas uma publicação por ano, em 2012, quando começou as as atividades, hoje a editora mineira publica até três títulos anualmente. Além de “Nieblas”, neste ano lançou “Arimin”, de Ana Rocha e Júlia Malta, e tem mais um projeto no forno: o primeiro livro de fotografias, resultado de uma viagem de Ana ao Havaí. 

Hoje, as publicações são vendidas em São Paulo, com presença na famosa Banca Tatuí, além de Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, na recém-inaugurada Banca, projeto de publicações independentes que  uma antiga banca de jornais em frente à Faculdade de Arquitetura da UFMG. Mas, a Polvilho Edições não está restrita ao Brasil. E não apenas pela facilidade da venda pela internet. 

“Niebla”, em tradução do espanhol neblina ou névoa, remete às experiências recentes de Ana Rocha em La Plata, na Argentina, no início deste ano. Mais do que inspiração pessoal, a viagem deságua as novas parcerias da editora. Em setembro, a Polvilho Edições vai participar da elogiada “Paraguay Feria de Arte Impresso”, evento em Buenos Aires que reúne 54 editoras independentes de toda a América Latina. E se prepara para editar uma publicação da escritora argentina Glenda Pocai.

“Eu visitei um lugar superbacana em La Plata, o Supermercado do Livro, uma livraria independente, e conheci o trabalho dessa escritora. Gostei muito do texto e da poesia, mas achei que merecia um acabamento melhor. E é nisso que estamos conversando para fazer. Essa expansão e essa troca cultural para nós é sempre interessante”, diz Ana.