Thiago Delegado e sua fantástica fábrica de sons
Resenha do DVD Delegascia e uns escritos sobre a noite de música brasileira capitaneada pelo Delegado n'A Casa de Cultura
Por Rafael Mendonça

Em Belo Horizonte tem um singelo lugar chamado A Casa de Cultura. E dentro de sua programação, nas quintas, ela recebe há muito tempo a noite do Thiago Delegado. Imagina uma noite em que se celebra a música brasileira. Que você junta um time do naipe de Aluizio Horta (baixo), André Limão (bateria) e Christiano Caldas (teclado) para incrementar essa celebração. E com isso tudo o Delegado oferece uma das melhores noites para se ouvir música na cidade. E pode ver isso em DVD.
Começar do começo. O Thiago é daqueles talentosos músicos criados nas Minas Gerais. Toca absurdos, produz dezenas de coisas por ano. Trabalha com uns 800 artistas, em estúdio e ao vivo. E ainda assim consegue fazer acontecer uma produtiva, criativa e extensa carreira solo. Meio impressionante o pique.

Mas voltemos ao motivo do DVD, que é a noite la n’A Casa. O vídeo foi lançado oficialmente em outubro e ele mostra muito bem o astral e a competência sonora que quase põem abaixo as estruturas no bairro de Santa Efigênia. Cercado de uma turma de primeira grandeza preocupados em fazer som, a rapaziada mostra ao que veio passeando por todos os estilos, andamentos e improvisos. Você se sente como se só a música fosse possível. E que nada mais importasse. Apenas pegar um copo, encostar em um canto e sorver aqueles caras destruindo tudo.
E dentro do universo da música mineira atual está ali, naquelas noites quentes, uma das coisas mais importantes sendo feitas. Tanto pela força do improviso, quanto pela variedade e o bom gosto. São sessões de quebradeira musical daquelas que quando a gente vê, arrepende de não estar gravando para a posteridade. E a sensação de poder ter visto vai ficar na memória. Guardada.

O DVD está demais. A gente pode discutir um monte de coisa, sobre estar obsoleto, se não seria mais interessante colocar na internet e mais um sem números de questionamentos sobre a melhor forma de se lançar música nos anos 10 do século XXI. Mas esta resenha não é para discutir o futuro da música e sim para tentar mostrar os caminhos dela sendo feitos. Com uma porção de convidados com nomes que vão de Flávio Renegado, Aline Calixto, Mariana Nunes e mais um desfile de nomes de músicos, cantoras e cantores de Belo Horizonte. E quanto a isso é tipo irrepreensível. Dirigido por Luis Evo e produzido pela Renata Andrade Chamilet, o filme consegue passar o espírito da coisa. A intensidade da música feita.
Agora a turma está de férias e vai voltar ano que vem. Então fica a ideia. Mora em BH e não conhece, vá. Está na cidade em uma quintas dessas, vá. Quer o DVD, procura o pessoal pela página do Thiago.